Comprar Bitcoins: A salvação?

Desde o fim do Padrão-Ouro em Agosto de 1971, o mundo financeiro mudou drasticamente. Quando o presidente norte-americano Richard Nixon decretou o fim da convertibilidade do Ouro em Dólares norte-americanos, os Bancos Centrais ganharam liberdade total para expandir os seus balanços. Este acto abriu as portas para uma inflação desenfreada, com consequências directas no poder aquisitivo das moedas fiduciárias. Neste contexto, muitos se perguntam: será o Bitcoin a solução para proteger o património?

A Desvalorização das Moedas Fiduciárias

Ao longo das últimas décadas, a perda de poder aquisitivo do Dólar norte-americano tornou-se evidente. Em finais de 1978, eram necessárias 137,6 gramas de Ouro para adquirir 1.000 Dólares norte-americanos. Hoje, apenas 11,8 gramas são suficientes, representando uma queda de 91% no valor relativo do dólar face ao Ouro. Este fenómeno não se limita à principal moeda fiduciária do mundo; outras, como o euro, apresentam trajectórias semelhantes. Desde a sua criação, o euro perdeu 90% do seu valor frente ao Ouro.

Esta erosão é consequência directa do processo de criação de dinheiro. Os Bancos Centrais têm duas formas principais de aumentar a oferta monetária: a emissão directa de notas e moedas — uma componente que representa uma fracção cada vez menor — e a expansão do crédito pelos bancos comerciais. Este último ocorre através do sistema de reservas fraccionadas, no qual o banco pode criar dinheiro digital ao conceder crédito. Este processo torna a quantidade de moeda fiduciária altamente instável e vulnerável a crises.

Entre 2008 e 2019, o agregado M2 — que representa a quantidade de Dólares norte-americanos em circulação — cresceu a um ritmo anual de 6%. A partir de 2020, esse ritmo acelerou para 7% ao ano. Esta expansão monetária sem precedentes demonstra que os índices de inflação frequentemente apresentados pelos governos são ilusórios, mascarando o real impacto do aumento da oferta de dinheiro.

Bitcoin: Uma Resposta à Crise Fiduciária

Em resposta a este cenário, surgiu o Bitcoin, em 2008. Esta criptomoeda foi criada como uma alternativa descentralizada às moedas fiduciárias e ao Ouro. Com um limite de emissão de 21 milhões de unidades, o Bitcoin introduziu um modelo de inflação previsível e decrescente. O processo de mineração, que requer um consumo significativo de energia eléctrica, torna impossível a criação arbitrária de novas unidades, eliminando a possibilidade de expansão monetária descontrolada.

Desde a sua criação, o Bitcoin mostrou-se superior ao Ouro em diversos aspectos. Em primeiro lugar, a sua vendabilidade espacial é incomparável. Enquanto o Ouro enfrenta altos custos de transporte, especialmente em transacções internacionais, o Bitcoin permite transferências digitais rápidas e de baixo custo. Além disso, o anonimato oferecido pelos endereços de Bitcoin é semelhante ao do Ouro, uma vez que não estão vinculados a identidades pessoais.

Outro ponto de destaque é a independência em relação a terceiros. Ao contrário do dinheiro digital emitido pelos bancos, que depende das instituições financeiras, o Bitcoin permite que os particulares armazenem e transfiram os seus activos sem intermediários. Este aspecto é crucial num cenário de crescente instabilidade financeira.

Investimentos em Bitcoins: Uma Nova Perspectiva

Investir em Bitcoins tem sido considerado uma forma eficaz de proteger o património contra a desvalorização das moedas fiduciárias. Desde a sua criação, o Bitcoin valorizou-se de forma exponencial face ao Dólar norte-americano, que perdeu 100% do seu valor em relação à criptomoeda. Este desempenho deve-se, em grande parte, à sua escassez programada e ao crescente reconhecimento como reserva de valor.

O processo de halving, que ocorre aproximadamente a cada quatro anos, reduz pela metade a recompensa dos mineradores, diminuindo a produção anual de novos Bitcoins. Este mecanismo assegura que a taxa de inflação do Bitcoin se aproxima de zero, aumentando o seu apelo como activo deflacionário.

Para além disso, o Bitcoin tornou-se acessível para investidores de todos os perfis. Com apenas uma wallet digital e chaves privadas, é possível adquirir, armazenar e transferir Bitcoins de forma segura, sem os custos elevados associados ao armazenamento de Ouro.

Comprar Criptomoeda: Uma Escolha Estratégica

A decisão de comprar criptomoeda, especialmente Bitcoin, deve ser encarada como uma estratégia de longo prazo. Num cenário em que os governos continuam a expandir as suas ofertas monetárias, expondo as economias à inflação e à instabilidade, o Bitcoin oferece uma alternativa segura e descentralizada.

Para além disso, o Bitcoin supera o Ouro em termos de utilidade. A sua capacidade de ser utilizado como meio de pagamento digital em todo o mundo, sem necessidade de conversão ou intermediação bancária, confere-lhe uma vantagem competitiva significativa.

Contudo, é essencial que os investidores estejam atentos à volatilidade do mercado de criptomoedas. Apesar do seu desempenho histórico impressionante, o Bitcoin enfrenta oscilações de preços significativas, que podem representar riscos a curto prazo. Por isso, recomenda-se uma análise cuidadosa antes de tomar qualquer decisão de investimento.

Bitcoin: A Salvação?

Diante do colapso das moedas fiduciárias, o Bitcoin surge como uma verdadeira salvação. A sua resistência a políticas monetárias expansionistas, a sua escassez programada e a sua capacidade de armazenar valor de forma segura tornam-no uma alternativa viável num mundo cada vez mais digital.

Comprar Bitcoins não é apenas um acto de investimento; é também uma forma de resistir à manipulação monetária dos Estados e de proteger o património contra a desvalorização das moedas fiduciárias. Com custos de armazenamento reduzidos, facilidade de transferência e independência em relação a terceiros, o Bitcoin oferece uma solução inovadora para os desafios financeiros do presente e do futuro.

Assim, numa época marcada pela inflação sem fim e pela desvalorização das moedas fiduciárias, o Bitcoin representa mais do que um investimento; representa a possibilidade de construir um sistema financeiro mais justo e eficiente. Comprar Bitcoins pode, de facto, ser a salvação que procuramos.