Uma geração perdida
Os jovens de hoje em dia não batem bem. Querem parar o clima espalhando lixo tóxico sobre obras de arte. Afirmam que fechar a escola é bom para a tosse. Não sabem a diferença entre um homem e uma mulher. Deixam a Nicki Minaj cantar. Vivem em casa dos pais até à idade do rei Carlos III, entre outras parvoíces do tempo, que não auguram nada de bom para o futuro
Em boa verdade, muitas outras gerações antes desta, também tiveram inícios pouco auspiciosos. A pior será a de 1968. Pelo mês de Maio, uma cambada de cabeludos, reviraram Paris e depois por toda a Europa. Com o declarado objectivo de libertar o mundo da opressão de ter demasiada comida à escolha, através de vistosos gulags, geridos por Mao ou Estaline.
Mesmo quem se acha muito esperto desde sempre, é apenas porque ainda não encontrou aquelas fotografias que tem para lá, disfarçado de batatoon, com cabelo permanentado tipo forro de colchão, chumaços tamanho bandeja de fast food, colarinho A3, calças boca de sino e a fazer boquinhas de pato-peixe.
Afinal, tem de haver alguma vantagem em ser mais velho e, procurando bem, até se encontra. Além da menor propensão para fazer figuras ridículas, provavelmente depois de as ter gasto todas, a experiência tende a trazer alguma dose pragmatismo, orientação para resultados, ou, no mínimo, preocupação em saber de onde virá o dinheiro para pagar a próxima refeição, férias ou cirurgia de substituição do colo do fémur.
Ora, aí é que a porca torce o rabo, é que se há por aí uma geração à toa, irresponsável e com expectativas irrealistas, é precisamente aquela que nasceu entre 1960 e 1990. Muita gente, que teve adolescências perfeitamente higiénicas, sem a praga do tik-tok e das kardashians. Ou talvez por isso mesmo, veem-se agora, já avançados na idade, à espera que venham outros, que lhes paguem a reforma e dêem mais coisas de graça.
Se esse pessoal da pesada, lá atrás, tivessem aprendido a fazer contas, em vez andar de patins em linha ou a jogar pac-man. Já tinham descoberto há bastante tempo que o Estado não cria riqueza, destrói, e que para alguém receber dos impostos, outros terão de os pagar, ou mais ainda, que, sem antes poupar, não dá para gastar.
Espacialmente quando esperam que seja esta nova geração de agora, totalmente confundida, capaz de acreditar que os cromossomas são construções sociais, que as plantas crescem sem CO2, que vai desatar a criar empresas lucrativas e empregos bem pagos, só para sustentar toda aquela gente que se quer reformar.
De todas as fantasias infantis, delírios adolescentes, que não envelheceram bem, nenhuma será pior do que a Segurança Social. Pois, quando se derem conta que é impossível gastar o que não se poupou, será tarde demais, já não vão a tempo de aprender com os erros. Já não são novos, e os que são novos não parecem capazes, nem sequer interessados, em resolver o imbróglio
Talvez seja para evitar ver o fruto do seu trabalho desviado para sustentar um esquema de pensões criminosamente inviável, que a geração jovem prefere comprar NFTs de macacos, fazer apostas YOLO em meme-stocks e perseguir airdrop de tokens para yield farming. Essas trapalhadas pseudo-crypto-financeiras, são tão disfuncionais que dão mau nome ao Bitcoin, no entanto, comparadas à Segurança Social, são bem razoáveis.