Not your keys, not your coins

Muita gente já entendeu a importância e a utilidade do Bitcoin; compreende que é a única proteção e esperança contra os esquemas diabólicos de destruição do dinheiro, feitos à escala global por políticos e banqueiros. Outros, muitos mais, sabem ao menos que o Bitcoin é dinheiro e que será importante no futuro, ainda que não tenham claro como ou porquê.

No entanto, quando chega o momento de comprar, guardar e manter para a vida, algum dos Bitcoins em reserva, em preparação para o que aí vem, muitos, a maioria, quem sabe, quase todos, perde-se no caminho, expondo as suas valiosas moedas a riscos desnecessários, ao hacking das suas chaves privadas, a fornecedores pouco escrupulosos, aos esquemas em pirâmide e a um monte de armadilhas, que, copiadas do sistema bancário tradicional, se infiltraram nas criptomoedas.

Pior ainda, são aqueles que, depois de convencidos do seu valor e importância, acreditam ter comprado Bitcoin, mas foram inocentemente arrastados para plataformas de trading como o Revolut ou o eToro, onde nem sequer existe Bitcoin. Nestas plataformas, não só não se compra Bitcoin, como ainda se obtém o efeito oposto ao desejado ao comprar Bitcoin. O que eles lá vendem são umas vagas promessas de mau pagador, em que prometem compensar os clientes quando o Bitcoin for necessário. Sendo que, quando o Bitcoin for necessário, é precisamente quando essas plataformas não serão capazes de cumprir as suas promessas. Mais ainda, quem compra Bitcoin, sempre espera que este suba de preço, por efeito de haver maior pressão do lado da procura face à oferta, no entanto, o Revolut ou o eToro e outras que tal, ao oferecerem promessas que não são Bitcoin, estão a desviar a procura para uma oferta virtual ilimitada, não contribuindo para apreciação do preço do Bitcoin.

Chegado aqui, eis então um Pequeno Guia de como Guardar Bitcoin, organizado por níveis de segurança e eficácia. 

Nível 5, o Máximo – Bitcoin em cold wallet.

Parabéns. Já comprou uma quantidade de Bitcoin suficiente para enfrentar descansado a turbulência financeira das próximas décadas. Tem já acumulado alguma coisa equivalente a 2 ou 4% dos seus ativos líquidos e agora é só esperar uns anos até que este seja necessário. 

Para este nível de proteção, o ideal é uma Cold Wallet. Um aparelho de hardware, tipo uma pen-drive, onde a chave-secreta nunca fica online e como tal não pode ser roubada.

Nivel 4 – Custódia. 

A solução de Custódia é indicada essencialmente para quem utiliza as moedas para fins profissionais, ou possui uma verdadeira fortuna em tokens, não sendo, portanto, o tipo de pessoa que lê pequenos guias simplificados. Por outro lado, se acha que não pode confiar em si próprio para guardar uma frase com 24 palavras num lugar seguro, então pode ser interessante pedir ajuda a um profissional respeitado, para o ajudar a guardar a sua chave e como tal as suas moedas. Em Portugal, a fintech Mercado Bitcoin é licenciada pelo Banco de Portugal para prestar o serviço de Custódia. Pode saber mais aqui: https://blog.mercadobitcoin.pt/banco-de-portugal-atribui-a-mercado-bitcoin-portugal-licenca-para-custodia-de-ativos-virtuais/

Nível 3 – Criptomoedas em Software Wallet.

Uma solução um pouco mais barata, pois, geralmente, o software é grátis e cabe bem num telemóvel. Tem a desvantagem de a chave ficar online, ainda que encriptada, pelo que é mais adequado, para quem quiser ter uma carteira de criptomoedas que inclua algumas dos Blockchains secundários, como o Ethereum, o Cardano, o Ripple ou Binance Coin, etc., em que a certeza de imutabilidade das moedas é menor à partida, ou seja, em que já existe o risco do dono da maioria das moedas dar cabo do negócio e, portanto, se o token já é por si menos seguro que o Bitcoin, não faz sentido um custo extra com segurança a guardá-lo.

Nível 2 – Deixar numa Bolsa. 

As bolsas de criptomoedas (empresas como Kucoin, OKX, Mercado Bitcoin) servem para comprar e vender criptos, não para guardar. Ao longo de toda a história das criptomoedas, as maiores desgraças ocorreram todas quando bolsas, como a MtGox ou FTX, faliram, ou foram levadas à falência, arrastando consigo as poupanças de muita gente que usava um mercado como cofre.

Nível 1 – Emprestar Bitcoin.

Colocar as moedas numa plataforma de lending, tipo Celsius, Ledn ou Blockfi ou Genesis é tão perigoso que estas já estão todas falidas. Estes projetos bancários vivem de pedir dinheiro emprestado para emprestar a outros e tentar ficar com dinheiro no meio, acabando a perder dinheiro dos dois lados e a recorrer a fraude, para tentar adiar o colapso, enquanto os responsáveis enchem os bolsos, desavergonhadamente. Plataformas de lending são portanto bancos tradicionais, como o BES ou o Banif, e deles queremos é distância.

Nivel Zero – o CBDC.

Diz que é uma moeda digital e que tem um banco central por detrás. De momento apenas governos horríveis como a Nigéria e a Venezuela avançaram por este caminho e, como seria de esperar, os resultados são miseráveis. No entanto, porque as CBDC facilitam aos políticos e banqueiros roubarem dinheiro às pessoas de quem eles não gostam, com um simples toque de um botão, os piores de entre todos os psicopatas não falam de outra coisa, mal se aguentando à antecipação das maldades que irão fazer a quem não tiver o cuidado de ter algum Bitcoin de parte, em cold storage, no nível máximo.