Shanghai na Rota da Seda
Há 25 anos atrás, nos EUA, foi criado um negócio no mínimo estranho: Aluguer de DVDs por correio. Numa altura em que já havia internet e pirataria, onde os videoclubes da Blockbuster estavam a decair de utilização, distribuir DVDs por correio, não parecia nada ajuizado. A empresa que lançou esse improvável negócio, chama-se de Netflix e, hoje em dia, dispensa mais apresentações.
Neste quarto de século a Netflix operou uma transformação, dos DVD por correio, à produção de conteúdos, passando pela invenção do streaming, para o qual não é fácil encontrar paralelos. isto se não contarmos com Ethereum, que em um terço do tempo está a fazer uma metamorfose bem do tipo do bicho da seda.
O Ethereum está, bem neste momento, a transformar-se, de uma rede de segurança (como o Bitcoin) com capacidade para fazer operações de terceiros (smart-contracts) para uma rede de negócios (o Ethereum 2.0) reagindo assim à competição de tantas outras blockchains entretanto criadas. Projetando com esta reviravolta conciliar o alcance de ser já, de longe, a maior rede de negócios crypto, com a inclusão das mais recentes inovações técnicas dos seus incontáveis concorrentes.
Mirco cronologia das criptomoedas:
- 2009 – Criação do Bitcoin
- 2015 – Criação do Ethereum e de muita coisa que não conta.
- 2017 – Criação das redes POS (ex: Cardano) e de ainda mais coisas.
- 2019 – Anúncio do projecto Ethereum 2.0
- 2023 e arredores – Migração para Ethereum 2.0
- 2024/25 – Fica tudo doido outra vez.
Parecendo difícil, esta transformação em 2.0, não é nada fácil. Vai se arrastar por pelo menos 5 anos (metade da vida do Ethereum), envolve uma quantidade gigante de operações incompreensíveis, com nomes exóticos e nada garante que, uma vez completada, não será necessário recomeçar tudo outra vez, porque o mercado entretanto evoluiu para outras novidades ou sequer se alguma vez vai funcionar.
Ainda assim, por mais difícil que seja o processo, a borboleta que está para sair do casulo Ethereum, será tão mais brilhante que é capaz de fazer parecer todas as outras criptomoedas posteriores umas simples e mortiças traças.
O próximo passo, ainda dentro da casca de seda, foi chamado de Upgrade Shangai e irá entrar em produção já no próximo mês de Março de 2023. Libertando enfim todos os tokens de ethereum que estavam congelados, alguns há 3 anos, e resolvendo um dos dois maiores problemas da rede Ethereum (o outro é ser lenta e cara).
Apesar de ainda faltar o “Sharding”, o pequeno passo de tornar a rede Ethereum rápida e económica, coisa pouca. O Upgrade Shangai será memorável, pois que vai libertar no mercado 15% de todas as moedas ethereums, que estavam congelados, alguns desde 2020, e sem data para a soltura.
Uma forma de apreciar a enormidade da operação é notar que o Upgrade Shangai inclui o EIP-6049. Sendo que EIP significa “Ethereum Improvement Proposal” e 6049 é a quantidade destas coisas que estão a ser consideradas. Para comparação, os BIP, de Bitcoin Improvement Proposal, vão nos 130 com apenas cerca de 30 a serem implementados. Ambas as quantidade podem ser qualidades. No caso de Bitcoin, destaca-se a estabilidade, segurança e descentralização, qualidades importantes para o dinheiro. No extremo oposto, o Ethereum tem a velocidade, dinamismo e oportunidade, como se espera de um negócio.
No mês que vem, logo após o upgrade Shangai, 15% dos tokens ethereum, que estavam travados sine die, serão libertados no mercado, podendo ser retirados e vendidos. O que, deve ser óptimo para o preço. Convém explicar como.
Enquanto estão aplicados (diz-se “Staked”) os tokens de uma rede POS rendem juros, como uma forma de substituição simbólica da remuneração dos mineradores das redes POW (o Bitcoin ou o Ethereum Classic). As redes POS, trocam o investimento em energia dos mineradores POW, que assim garantem a segurança, pela remuneração dos insiders POS, para garantirem alinhamento.
Estes juros são muito atraentes para os donos de tokens POS, cerca de 4% a 6% ao ano, motivo pelo qual a maioria do donos destas moedas prefere te-las aplicadas (Staked). Moedas como Cardano, Cosmos ou Solana têm regularmente 60 a 70% das suas moedas a render (Staked) em contraste com o Ethereum (que tem apenas 15%). A diferença era a liquidez.
Ao não terem garantia de quando ou se os poderiam retirar, muita gente tinha receio de atracar (Stake) os seus tokens Ethereum, e só 15% arriscaram. Enquanto nas outras redes, com opção de libertação imediata, o fazem mais de 4X mais. Em conclusão, é muito provavel que a maioria dos Ethereums que andam por aí perdidos em carteiras desocupadas, passe agora com o upgrade Shangai estar investido, retirando um monte de moedas de circulação e fazendo o Ethereum valorizar tipo as minhocas que criam a seda.
Ethereum 2.0 – Criado por AI