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Henrique Agostinho
Henrique Agostinho
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O Bitcoin é a primeira solução para um dilema milenar, que desde o princípio da civilização não tinha solução e foi preciso esperar por 2008 e Satoshi Nakamoto para se encontrar, enfim, uma solução.

O problema em questão, em linguagem de programação, ganhou o nome de Dilema dos Generais Bizantinos em referência a uma situação hipotética que decorre mais ou menos assim.

Imaginemos uma cidade que vai ser atacada por 2 exércitos aliados, cada um com o seu general. A cidade a atacar é bem fortificada e só um ataque simultâneo coordenado dos dois exércitos poderá ter sucesso, enquanto um deles atacar sozinho, pode contar com levar um banho de sangue. Naturalmente, os generais precisam combinar entre eles como e quando atacar, o que fazem trocando mensagens de um lado para o outro.  Aí surge o problema:

Se o primeiro general manda uma mensagem, alguma coisa do tipo: “atacamos na terça-feira ao nascer do sol”, como é que sabe que o outro general recebeu? Só se o outro general responder: “Concordo, vamos lá”. Mas e agora, como é que este segundo general sabe se o primeiro recebeu a resposta? Só se o primeiro disser: “recebi a resposta, e não mudei de ideias”. O que levanta a questão de saber se o segundo general recebe a confirmação da confirmação e o problema por aí vai.

Não há quantidade de mensagens que elimine a dúvida na comunicação e isto sem contar com os problemas adicionais de uma mensagem ser interceptada, falsificada, de o mensageiro ser um espião, do outro general ser um traidor ou de chegar a segunda-feira e desatar a chover.

Pois bem, até ao Bitcoin não havia solução para este problema dos generais. E apesar de não ser comum nas nossas vidas atuais ir invadir cidades fortificadas com generais aliados, a verdade é que todos passamos por dilemas parecidos diariamente. Saber onde é que andou a futura-ex-namorada; saber se as crianças não faltaram às aulas; ou ainda se uma conta está paga e o cheque está mesmo no correio.

A única solução, para todas as pessoas que precisassem de combinar alguma coisa com outra é (era) a mesma dos generais. Confiar, seja confiar no outro general, na futura-ex-namorada, com quem se está a trocar mensagens, ou confiar numa figura tutelar, como o rei que irá castigar o general incumpridor, o professor da criança dada às baldas, ou o banco central para salvar o banco que perdeu o dinheiro que jurava estava tão bem guardado.

Isto até ao Bitcoin, que é tão só a primeira vez que duas pessoas, que não se conhecem, que não confiam uma na outra podem trocar mensagens (e com isso pagamentos) sem precisar de duvidar. O truque para tal milagre de alinhamento entre as partes está no mecanismo de consenso chamado de POW, Proof-of-Work, que garante a veracidade de toda a informação registada no Blockchain.

De cada vez que um dos computadores mineradores que estão escondidos pelo Cazaquistão e lugares obscuros assim, a fazer puzzles matemáticos para o Bitcoin, descobrem um bloco, estão a utilizar energia que se soma a toda a energia já utilizada para minerar os blocos anteriores. Como o Blockchain é uma cadeia, para alterar algum dos blocos passados seria preciso voltar a gastar toda a energia já passada. Tornando impraticável que alguém volte atrás com a sua palavra.

Ah e tal, mas as outras criptomoedas? Que dizem não precisar de tanta energia e tal? Ok, são simpáticas, bem-intencionadas, talvez, mas não são Bitcoin. Não são trustless, ou seja, essas moedas dependem da confiança em terceiros para funcionarem, não resolvem o tal problema dos generais bizantinos, nem do cheque que já está no correio.

As outras criptomoedas são aplicações (umas boas outras más, infelizmente muitas más) de princípios de contabilidade de tripla entrada que podem vir a revolucionar o sistema bancário, o que é por si uma coisa interessante e parece vir a valer muito dinheiro. Tanto é que muitas cripto-moedas, que inicialmente até tentaram ser descentralizadas desligadas da confiança pessoal, preferiram deixar os generais bizantinos entregues à sua sorte.

Por exemplo, a criptomoeda mais bem-sucedida, o Ethereum, abandonou o mecanismo Proof-of-Work, e assumiu o Proof-of-Stake, que é nada mais nada menos do que substituir a energia dos computadores, pela confiança nas pessoas que detêm mais moedas.

Ao contrário do Satoshi, que é mais um mito que uma pessoa, o Ethereum tem um dono, Vitalik Buterin e o Ethereum faz o que Vitalik quer, para o usar temos de confiar nele, como quem tem ações da Tesla confia no Elon Musk, ou como todos somos obrigados a confiar todo o nosso dinheiro nas mãos de Christine Lagarde e Vítor Constâncio.

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Henrique Agostinho