Nos ombros do Gigante
De entre os pioneiros do Blockchain, pessoas que acompanharam e participaram nos primeiros desenvolvimentos do Bitcoin, há uma quantidade de aventureiros que decidiram trocar de fortuna e se lançar num projeto paralelo, inventando eles próprios uma nova moeda, talvez com a ilusão de tirar fama ao anónimo Satoshi Nakamoto.
São os casos de: Gavin Anderson – criador do Bitcoin Cash; Vitalik Buterin – Ethereum; Craig Wright – Satoshi Vision; Chris Larsen – Ripple XRP; Charles Hoskinson – Cardano; Robert Habermeier – Polkadot, entre outros.
Todos eles, têm em comum terem estado no epicentro da criação do Bitcoin, terem acumulado fortunas com moedas a custar tostões, para logo as abandonar, à procura da nova coisa melhor, da substituição perfeita. Lançando, vaga após vaga de criação, bastante criativa, mas muitas vezes, pouco criadora.
A primeira e por isso mais primitiva dessas vagas, foi a Variação, a geração do melhor Bitcoin. Moedas que, mantendo o essencial do Bitcoin, acrescentavam alguma funcionalidade um pouco adicional e tendiam a definhar em seguida. São dessa vaga exemplo, projectos agora longe do seu apogeu, como o Bitcoin Cash, Satoshi Vision, Monero, Ripple.
Quase de seguida, veio a Reinvenção, com o Ethereum a introduzir uma verdadeira funcionalidade, os Smart-Contracts. Algo que o Bitcoin não consegue (conseguia) executar e criou toda uma nova indústria, o DeFi, produtos financeiros descentralizados. Criou também uma sequência de clones da rede Ethereum, quase equivalentes entre si, apenas mais baratos, como são os casos do BSB, Tron ou Tezos.
Uma vez que fazer igual e mais barato não parecia ameaçar o Ethereum, algumas mentes iluminadas trataram de criar novas redes super rápidas e expansíveis, sai a Complexidade. Popularizaram novos conceitos, como o Proof-of-Stake (mineração centralizada), o Sharding (redes paralelas a atuar em equipa), bridge, ou wormhole (ligação entre duas redes) e algorithmic (operações automatizadas) e nasceram projectos de uma nova geração, como o Polkadot, Cardano, Cosmos, Algorand, Luna e Avalanche. Aí o Ethereum acusou o toque e anunciou (mas ainda não concretizou) a migração para o ETH2.0, que o colocaria tecnicamente a par destes novos concorrentes.
Talvez a demora no lançamento Ethereum 2.0 esteja ligada a outra nova ameaça, a Continuação, com mais uma nova geração de redes hiper-rápidas, tipo o Solana, Kadena, Hedera e muitas outras que ainda estão na obscuridade, mas que representam a tendência do setor de ir sempre atrás da próxima grande ideia, sem chegar a consolidar a anterior.
Em paralelo e logo após o lançamento do Ethereum, apareceu um outro caminho alternativo a ser seguido por muitos projectos, a Complementaridade. Em vez de tentar criar uma nova rede para destronar uma rede já estabelecida, estes projetos apostam em criar funcionalidades adicionais que funcionam em cima de outra rede, isto ao mesmo tempo que não deixam de criar a sua própria moeda. São os casos do Polygon, ChainLink, Uniswap, Aave e tantos outros projectos, que se torna virtualmente impossível acompanhar. Isto para não elaborar sobre as crypto sem qualquer missão, as Doge, Shiba Inu, Baby Floki e milhares outras moedas de cão.
Todas estas iterações, chegaram para criar as dezenas de milhar de criptomoedas em actividade, são tantas que, de algum modo, garantem que a maioria, senão quase todas, terão de falhar, enquanto o valor criado para cada uma delas, irá ser recolhido pelos futuros vencedores, incluindo o próprio Bitcoin.
Porque ao mesmo tempo, e garantidamente mais devagar, do que todas aquelas vagas e inovações, o Bitcoin foi recebendo upgrades técnicos suaves, os chamados soft-forks, que adicionam as funcionalidades que faltavam, sem derrubar o que já estava. Em 2017, a atualização chamada de SegWit, permitiu a criação da aplicação Bitcoin Lightning, que hoje em dia proporciona os pagamentos mais rápidos e económicos de entre todas as criptomoedas.
Já em 2021, um novo upgrade, o Taproot, permite a criação de smart-contracts em wallets de Bitcoin. Colocando-o pelo menos em igualdade com o Ethereum e, muito provavelmente, até mais eficaz do que as moedas da ‘Complicação’.
No horizonte, ou seja, nos fóruns de maluquinhos da programação, já se comenta o próximo upgrade, os Sidechains, que permitirá a todas as aplicações da ‘Complementaridade’ funcionarem sobre o Bitcoin. É portanto como se o Bitcoin, depois de iniciar o movimento, estivesse a fechar o círculo, ao incorporar as ideias criadas, testadas e validadas pelo mercado.
Quem sabe todas aquelas criptomoedas, que nasceram nos ombros do gigante, serão um dia uns ombros para o gigante.
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