Bitcoin Recicla Energia
Muito se fala, na imprensa, do consumo de energia associado ao Bitcoin. Um facto que, por si só, deveria ser suficiente para desconfiar que a verdade é exatamente o contrário do que alegam os especialistas televisionados. E sem surpresa alguma é o caso, senão vejamos.
O Bitcoin é protegido por electricidade em computadores, o US Dollar é protegido pelas bombas da NATO. Entre a energia para arrebentar com cidades inteiras ou a energia para deixar uns chips a fazer sudokus imaginários noite a fora, parece bem claro que o Bitcoin é uma escolha bastante mais pacífica.
Não há nenhuma alternativa à energia, para a proteção do dinheiro. Das duas uma, ou confiamos no dono do dinheiro, na energia das suas armas e boas intenções (caso do Dólar e do Yuan), ou no consumo de energia para a sua mineração (caso do Bitcoin e do Ouro). Tanto assim é que, as novas criptomoedas, que se dizem ter baixa pegada energética, não cumprem a função do Bitcoin, não são dinheiro. As criptomoedas de Proof-of-stake, são ações de empresas, dependem da boa cabeça de gestores privados, o que não é por si mau, mas não é igual.
Bitcoin é a utilização menos rentável da energia. Fazer torradas, assistir TV, ir passear ao Shopping são, de longe, actividades energeticamente mais custosas. Entre vender energia a um consumidor que a paga ao preço tabelado pelo governo, mais a taxa da RTP, ou a um minerador de Bitcoin, que só pode pagar o menor preço do mundo. Nenhum produtor de electricidade prefere vender ao minerador de Bitcoin. Daqui decorre que toda a energia direcionada para a mineração de Bitcoin não tinha mais ninguém para a comprar e foi vendida ao pior comprador possível.
Bitcoin é minerado em lugares que não vale a pena visitar. Enquanto estar no sofá a ver tiktok no telemóvel, num apartamento de férias no Algarve, envolveu deslocar muitas pessoas e matérias primas, em várias voltas ao mundo e levar toda aquela tralha até um lugar paradisíaco. Já os mineradores de Bitcoin estabelecem-se no interior do Cazaquistão, na fronteira do Canadá com o Alaska, em aldeias impronunciáveis da Islândia. Lugares onde há mais electricidade do que consumidores e não são nada adequados aos #feriaseumereco.
Bitcoin pode ser minerado em qualquer lugar do mundo e fora dele. Consta que o interesse de Elon Musk na moeda poderá estar associado à ideia de colocar os milhares de satélites da Starlink a minerar bitcoin nas horas vagas. Tirando assim partido que os painéis solares são uma tecnologia péssima para a Terra, pois levam a desflorestar municípios inteiros, para os alcatifar com placas de plástico, enquanto que, fora da Terra, até produzem bastante electricidade.
O Bitcoin não utiliza petróleo, nem carvão, utiliza sim electricidade desperdiçada. Algumas estimativas conservadoras apontam para perdas de um terço de toda a energia elétrica mundial, por quebras na transmissão ou consumo fora de horas. Sendo a rede de Bitcoin responsável por qualquer coisa abaixo de 0,1% dessa utilização, implica que, até cada Bitcoin valer 10 milhões de dólares, ainda há margem para melhorar na eficiência energética.
Em resumo. Só a energia protege o dinheiro. Das opções existentes, minerar Bitcoin é mais saudável, bem melhor do que rebentar bombas e fazer grandes buracos para encontrar ouro. Bitcoin utiliza electricidade barata, desaproveitada, em lugares onde ninguém passa férias. Bitcoin não consome energia, recicla.