Bitcoin: A concorrência não gosta!
Recentemente, o governo da Nigéria impôs um limite diário de 45 Dólares norte-americanos (USD) na rede de ATMs do país (o nosso multibanco). Segundo a agência noticiosa Bloomberg, tal medida visa diminuir a utilização do dinheiro físico no país.
Uma das alternativas ao dinheiro físico, segundo a “informação oficial” passa por uma maior utilização do Homebanking, dos cartões de débito e crédito e, pasme-se, do eNaira, a moeda digital do Banco Central da Nigéria.
Na verdade, esta medida não é mais que uma tentativa desesperada para promover o eNaira, face ao total fracasso desta moeda digital: segundo a Bloomberg, apenas 0,5% da população, 1 pessoa em cada 200, usa o eNaira!
Isto no país em que o Bitcoin é altamente popular, sendo o 11º com a maior penetração da Criptomoeda mais importante do mundo. Numa população pouco bancarizada, o Bitcoin prospera, enquanto a moeda do Banco Central, o eNaira, fracassa rotundamente.
A crise parece ter chegado ao Banco Central Europeu
Pela Europa, em particular na zona Euro, a subida inexorável do custo de vida, causado pela impressão massiva de dinheiro por parte do Banco Central Europeu (BCE), cerca de 3,8 biliões de Euros desde o início de 2020 – ver Figura 1 -, parece ter agora chegado aos funcionários do BCE!
A Sr. Lagarde, a actual presidente do BCE, oferece uma subida de apenas! 4,07% a partir do próximo ano, mas os colaboradores da instituição a que preside parecem não aceitar; exigem um aumento de 10% ou superior por forma a compensar a inflação, que em Novembro na Zona Euro se encontrava precisamente em 10%.
Aparentemente, apesar de trabalharem na impressora de notas, os colaboradores do BCE não logram evitar uma redução do seu salário real; apesar de tudo, recomendo-lhes um agradecimento ao Divino, já que a maioria da população não irá receber qualquer aumento, como existem fortes probabilidades de perderem o emprego no próximo ano. Mas não, parece que todos vivem numa Torre de Marfim, imunes a qualquer crise.
O Bitcoin e as criptomoedas
Em face de tudo isto, uma “revolta interna”, uma recessão económica à porta e uma inflação sem precedentes, acima de dois dígitos, com as pessoas a serem remuneradas a taxas de juro 0%, perdendo todos os anos 10% ou mais do valor aquisitivo do seu aforro, o que preocupa a Sra. Lagarde? Isso, caro leitor: o Bitcoin e as Criptomoedas.
Mais uma vez, à data em que escrevo, a Sra. Lagarde brindava-nos com estas palavras acerca da necessidade de regulação do sector das Criptomoedas: “abordar o risco das interligações entre o Ecossistema Cripto e o sistema financeiro tradicional, através da exposição das instituições financeiras a criptoactivos“.!
Também não deixou de lado a falência da FTX: “Depois de atingir o pico em novembro de 2021, o preço da bitcoin caiu quase 75% no espaço de um ano. No mês passado assistimos ao colapso caótico da FTX. “
Risco sistémico das Criptomoedas
Nem tão pouco o possível risco sistémico das Criptomoedas ficou de fora: “Embora o impacto destes episódios tenha sido até agora contido, o risco sistémico pode facilmente aparecer com o aumento das interligações entre o ecossistema cripto e o sistema financeiro tradicional”.
É sempre divertido assistir ao perigo do risco sistémico, quando o mercado de Criptomoedas vale à data em que escrevo apenas 859 mil milhões de USD; ao mesmo tempo, apenas uma empresa, neste caso a de maior capitalização bolsista, a Apple, vale 2,27 biliões de USD, cerca de 2,6 vezes mais! Repito: apenas uma empresa.
Para tornar esta comparação ainda mais “divertida”, recordemo-nos que o balanço do BCE vale 8,5 biliões de Euros e a Sra. Lagarde continua muito preocupada com as Criptomoedas! Não será que a enorme dívida pública que adquiriu a estados falidos, como Portugal, não deveriam tirar-lhe o sono em lugar das Criptomoedas?
Regulação do sector de criptoativos
Quando se propõe a regulação de um dado sector, neste caso a directiva MiCA da União Europeia, quase sempre serve apenas para evitar a concorrência e dar uma “mão” àqueles que já se encontram no mercado.
Por um lado, levantando enormes barreiras à entrada: requisitos de capital, pesados e caros sistemas de informação, um exército de burocratas internos para lidar com os supervisores…tudo serve para tornar a entrada possível apenas a detentores de enormes quantidades de capital.
Por outro, torna a operação extremamente cara, pois alguém terá de pagar o exército de reguladores e as inspecções levadas a cabo por estes. No final, o que temos? Menor atenção ao consumidor e um serviço pior e mais caro, pois alguém tem de pagar a conta, abolindo, uma vez mais, a sã concorrência e a democratização do mercado. Recordemo-nos da taxa de penetração do Bitcoin na Nigéria: uma das mais elevadas do mundo, tudo sem qualquer regulação.
Por fim, estas iniciativas legislativas são quase sempre promovidas pelos próprios gigantes da indústria com um único propósito: criar barreiras e eliminar concorrentes. Parece que já nos esquecemos que a legislação sobre Criptomoedas tinha há um ano a colaboração do Sr. Sam Bankman-Fried; esse mesmo, o que faliu a FTX!
A minha previsão para o Bitcoin segue o famoso ditado popular: os cães ladram e a caravana passa; por mais que os detractores atirem pedras a toda a hora, tentando ocultar a toda a hora o seu terror à concorrência e o perigo que constitui para o seu monopólio monetário.