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Henrique Agostinho
Henrique Agostinho
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O Bitcoin foi criado em Janeiro de 2009,  por Satoshi Nakamoto, que logo após, Abril 2011, fez o favor de desaparecer, junto com 1 milhão de moedas, aumentando com isso o valor da sua criação em pelo menos 5%, se contarmos só com as moedas que estão agora trancadas pela chave privada de Satoshi. Maior e mais difícil de estimar, é a contribuição por ter desaparecido.

É que, se Satoshi não se tivesse evaporado, voltado para o futuro, na sua nave espacial, deixado de falar como um deus para a consciência de um esquizofrénico ou lá o como fazia o que fez. Se Satoshi tivesse ficado por cá, o Bitcoin não era uma criação descentralizada, não era livre.

Sem haver um ponto centralizado de controle, sem um dono, o Bitcoin passou a evoluir por consenso. Nem sequer do tipo fajuto democrático ou partidário que o governo nos impõe, é por verdadeiro consenso, universal e voluntário. Em que as coisas avançam quando está toda a gente está de acordo e cada um é livre de votar com os pés, deixar de participar, se não gostar da direcção que a maralha está a tomar.

Este processo, não violento e colaborativo, melhor que qualquer democracia é, como seria de esperar, extremamente ruidoso, difícil de acompanhar, quanto mais de antecipar, ainda assim ou talvez por isso, funciona. Como? Ao dia de hoje, o Bitcoin evolui através de 3 passos principais: O BIP, o Speedy Trial e o Soft-Fork, todos eles criações orgânicas, posteriores ao desaparecimento de Satoshi. 

BIP, de Bitcoin Improvement Protocol, é como começa, algum programador tem uma ideia, prepara uma argumentação, desenvolve um código, cria um nome de guerra, como Segwit ou Taproot, e coloca num fórum com um número, BIP-91 e BIP-341, respectivamente nesses casos, para ser trucidado pelos outros programadores interessados. Existem centenas de BIP publicados, a desejar ser esquecidos pelo tempo, enquanto os seus autores são insultados por gente que aponta os erros no código ou propõe formas melhores de implementar. Até que, de tempos a tempos, geralmente anos depois da apresentação, algumas propostas solitárias são elevadas ao próximo passo. 

Speedy-Trial, na baixa probabilidade de um BIP recolher o acordo de números expressivos de programadores na selva impenetrável dos fóruns de internet, o novo pedaço de código é posto à consideração dos mineradores, que sinalizam estar de acordo com a alteração ao minerar blocos com uma mensagem pré-divulgada. Quando essa mensagem estiver inscrita em 90% dos blocos, o upgrade está pronto para avançar. Este processo foi usado pela primeira vez em 2020 no upgrade Taproot, quatro anos antes, o upgrade Segwit teve por meses aplicado, antes de se saber que estava para ficar, pois não haviam criado esta forma de votar, ou julgar.

Soft-Fork, eis chegado o grande dia, o upgrade é implementado, de uma forma engenhosa em que todas as regras anteriores continuam válidas e quem não quiser participar nem dá pela mudança, mas as novas possibilidades são disponibilizadas por quem seguir as novas regras. No culminar de um processo que tende a concluir uma bolha de antecipação e seguida por um crash pela constatação que ainda será preciso esperar muitos anos para transformar as novas regras em produtos reais.

O upgrade Segwit permitiu a criação da Lightning Network, que 8 anos passados ainda está na infância. Já o Taproot para já só deu origem aos especialmente parvos e inúteis Ordinals (NFTs) ou esquemas especulativos com Tokens memeficados (o #PEPE que está para o Bitcoin como o #Shiba para o Ethereum) e ainda não está no horizonte o lançamento de nada mais relevante.

Mas há mais, para o futuro imediato, estão bem quentes dois upgrades, BIP-300, Drivechains, ou o BIP-119, Covenants, que já na fase de discussão e insultos, com imensa gente a apontar todo o tipo de defeitos e a jurar que essas ideias só por cima do seu cadáver irão avançar. Tal e qual fizeram no Segwit ou Taproot, ou talvez não.

A utilidade dos Covenants não parece muito relevante, por um lado, enquanto com os Drivechains, os riscos seriam mais substanciais, por outro. Pelo que é fortemente provável que estes BIPs acabem nado mortos, como tantas outras ideias que já lá estão. Afinal, a numeração dos BIPs é sequencial e está-se a discutir o 119 e o 300 depois de já ter implementado o 341 é capaz de ser um sinal. A ver:

A travar os Convenants está o argumento de não parecer relevante o suficiente para a trabalheira de implementar. O que a proposta representa é a possibilidade de criar um endereço de Bitcoin que só pode ser acessado mediante um acontecimento externo. Tipo um cofre, que só pode ser aberto depois da data tal, ou depois de um qualquer acontecimento verificável (outra transação). É até fácil imaginar aplicações práticas para a habilidade, por exemplo, criar um fundo para quando alguém fizer 18 anos, ou um pagamento em garantia de outra operação. No entanto, as mesmas coisas podem, ainda que de forma menos transparente, ser feitas apenas ao nível das wallets, dos aplicativos que assinam transações, sem passar pelo soft-fork, como tal, não parece haver urgência para implementar esta novidade e se avançar será muito provavelmente à boleia de outro upgrade.

Já os Drivechains são um caso bicudo e com enormes implicações. Simplificando o que é, é a possibilidade de criar novos blockchain que funcionam em paralelo ao Bitcoin, cuja atualização e validação na rede-base é feita apenas periodicamente. Com uma coisa dessas, seria possível criar uma rede paralela, onde os blocos saem a cada segundo, como no Solana, ou que as transações podem ser programadas e até revertidas, como no Ethereum, ou que são secretas, como no Monero, ou que os Satoshis, os centavos do Bitcoin, são divididos em nano-satoshis para fazer transações de valores infinitesimais. Ou qualquer outra coisa que esteja a funcionar noutro blockchain e alguém achar que seria interessante pôr, em paralelo, no Bitcoin.

Com os Drive-Chains, este tipo de ideias, em vez de passarem pelo processo atrás descrito, dos BIPs e dos Trials e dos Forks, basta criar uma rede paralela, e convidar os utilizadores de base Bitcoin a passarem para lá as suas moedas. Permitindo a existência em simultânea de praticamente infinitos tipos de Bitcoin e de experimentais incontáveis funcionalidades. 

Parecendo que não, não é nada óbvio que isto dos Drivechains seja boa ideia, a objectar, seriamente, há a constatação que é demasiado cedo para tanta complicação, que o Bitcoin ainda não se implantou como reserva de valor, nem como meio de pagamento, que a generalidade da população ainda não sentiu o aperto de precisar de dinheiro e não iria ajudar a este caminho inicial ter tamanhas potencialidades contraditórias abertas, incluindo os inevitáveis esquemas, fraudes e erros que iriam pipocar. Ah pois é, alguns drivechains poderiam ser, iriam ser, fraudulentos e isso iria complicar a imaculada reputação de segurança do Bitcoin.

É que, na ausência de Satoshi, o Bitcoin continuou a evoluir, por consenso e com uma predisposição para reforçar a segurança. Para tanto, foi até inventado um processo de validação e consensualização das novidades (BIPs, Speedy-Trail e que mais) que tenta garantir o mínimo de erros e o máximo de funcionalidades, para agora, nesse meio super-seguro e até conservador, estar em consideração uma alteração (os Drive-Chains) que, entre outras coisas, iria tornar irrelevante o próprio processo de consensualização das ideias e criar um mercado de facto.

Talvez seja demasiado cedo, talvez daqui a 20 anos, talvez daqui a 2, talvez nunca. Não é nada fácil de antecipar como se vai desenvolver o Bitcoin, o que vai motivar os milhares de pessoas que estão a trabalhar para desenvolver a criação de Satoshi Nakamoto. Ainda que, no meio de tanta incerteza, se alguma coisa parece boa aposta, é que, estando tão vivo, tão animado, vai valorizar.

Nota Extra: 

Pergunta – Quem é o rei da Selva? 

Resposta – Não há leões na Selva.

A Selva é o ecossistema mais rico e diverso, porque não tem reis, porque é livre. 

Destaques Autor
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Henrique Agostinho