2024: Compra criptomoeda!
2024 foi um ano marcado por grandes oscilações nos activos financeiros, impactados por factores económicos, políticos e tecnológicos. Diversos eventos afectaram os principais índices de acções, criptomoedas, matérias-primas e divisas, resultando em retornos variados entre o final de 2023 e Outubro de 2024.
Desta forma, decidimos fazer um balanço de 2024, atendendo que o ano está a terminar, analisando o desempenho dos activos por classe entre o final de 2023 e a sessão de 29 de Outubro de 2024 e os factores que mais contribuíram para esses movimentos, com especial atenção às criptomoedas, ao Ouro, ao índice S&P 500, ao Bitcoin e ao Ethereum.
Índices de acções: S&P 500, Nasdaq 100 e DAX 30
Os índices de acções globais continuaram a mostrar a sua resiliência, especialmente os principais índices dos Estados Unidos. O S&P 500 e o NASDAQ 100 apresentam retornos medidos em Euros positivos significativos, de 25% e 24%, respectivamente, enquanto o IBEX 35 espanhol, o DAX 30 alemão sobem 18% e 17% respectivamente. Em relação ao CAC 40, o principal índice bolsista francês, não apresenta qualquer variação.
Esses desempenhos reflectem uma combinação de factores:
- Crescimento económico resiliente nos EUA: Apesar dos temores de uma recessão no início do ano, a economia americana manteve um crescimento moderado, impulsionado pela confiança do consumidor e pela redução gradual das pressões inflacionistas. O sector de tecnologia, que compõe uma grande parte do Nasdaq 100, beneficiou-se especialmente de uma recuperação da procura por semicondutores e inovação em inteligência artificial;
- Política de taxas de juros: O Banco Central norte-americano, a Reserva Federal, manteve as taxas de juros relativamente elevadas, mas indicou uma redução gradual no futuro, o que impulsionou o optimismo dos investidores. O DAX 30 também foi beneficiado pela recuperação económica na Zona do Euro, embora em menor escala;
- Ameaças geopolíticas e a guerra na Ucrânia: Tais factores continuaram a impactar a Europa, em particular a subida vertiginosa do custo da energia, mas as políticas monetárias acomodatícias dos Bancos Centrais ajudaram a reduzir a volatilidade das cotações.
2. Criptomoedas: Bitcoin, Ethereum e outros criptoactivos
As criptomoedas tiveram um ano particularmente volátil, com alguns activos virtuais a registar retornos expressivos enquanto outros sofrem perdas significativas. O Bitcoin e o Ethereum, as duas principais criptomoedas, sobem 70% e 15%, respectivamente, enquanto as moedas menores como a Shiba Inu (85%), o Dogecoin (83%) e a Solana (79%) registam subidas acentuadas. Por outro lado, criptomoedas como o Polygon e Toncoin registam em 2024 perdas de 65% e 35%, respectivamente.
Os principais factores que impactaram esta classe de activos foram:
- Adopção institucional e regulação: Grandes instituições financeiras continuaram a expandir as suas actividades no sector dos criptoactivos, o que ajudou a consolidar o Bitcoin como uma alternativa viável de investimento. No entanto, o sector também enfrentou um escrutínio regulatório mais rigoroso, especialmente nos EUA e Europa, onde novas leis visam proteger investidores e combater fraudes;
- Evolução da tecnologia blockchain: As actualizações na rede do Ethereum, como a transição para o modelo de prova de participação (Proof of Stake), reforçaram a confiança no potencial de longo prazo da rede, enquanto novas inovações no sector das finanças descentralizadas (DeFi) atraíram o interesse de investidores de risco;
- Volatilidade do mercado: Activos especulativos como o Dogecoin e a Shiba Inu continuam a ser influenciados por tendências de curto prazo e movimentos especulativos, especialmente em redes sociais. O retorno elevado de algumas criptomoedas reflecte tanto o entusiasmo do mercado quanto a alta volatilidade intrínseca desses activos virtuais;
3. Matérias-Primas: Ouro, Petróleo e Matérias-Primas Agrícolas
As matérias-primas são frequentemente vistas como uma protecção contra a inflação e a volatilidade do mercado de acções. Em 2024, até Outubro, o ouro regista um retorno de 36% em euros, reforçando o seu papel de activo refúgio. O petróleo, por outro lado, registou uma queda de 4%, enquanto outras matérias-primas agrícolas, como a soja e o trigo, também apresentaram quedas de 23% e 9%, respectivamente. Também devemos destacar as subidas de algumas matérias-primas agrícolas, como o Sumo de Laranja (+70%), o Cacau (+69%) e o Café (37%).
Os principais factores que impactaram as matérias-primas foram:
- Incerteza económica global: A alta no ouro foi impulsionada pela procura por parte de investidores que procuram activos seguros em tempos de incerteza. As tensões geopolíticas, incluindo os conflitos contínuos e as disputas comerciais, aumentaram a procura por ouro;
- Mudanças na oferta e procura de petróleo: A produção de petróleo foi influenciada pelas políticas da OPEP+, que optou por cortes de produção no meio de uma procura global moderada. No entanto, o impacto desses cortes foi parcialmente compensado pelo aumento da produção nos EUA, levando a uma queda modesta nos preços do petróleo;
- Oscilações nos preços agrícolas: A soja e o trigo caíram devido a uma combinação de boas colheitas e menor procura global. Por outro lado, o café e o cacau tiveram aumentos significativos, reflectindo problemas de oferta nas regiões produtoras e uma procura robusta;
4. Divisas: Dólar, Euro, Yuan e outras moedas
O mercado de divisas apresentou flutuações moderadas em 2024; em relação ao Euro, as seguintes divisas registaram as seguintes valorização: libra (+4,3%), dólar (+2,5%) e yuan (+2,3%). O iene registou uma forte depreciação frente ao euro, nomeadamente -5,2%.
Os principais factores que influenciaram as divisas foram:
- Política monetária divergente: Nos EUA, a possibilidade de flexibilização das taxas de juros gerou um suporte para o dólar, enquanto o Banco Central Europeu optou por uma política monetária mais estável, resultando em menor volatilidade para o euro;
- Impacto das tensões comerciais: A relação entre os EUA e a China continua a ser um factor determinante para o yuan chinês. As políticas comerciais e as sanções de exportação de tecnologia impactaram a moeda chinesa, que ficou relativamente estável, mas sob pressão;
- Estímulo fiscal no Japão: O Banco do Japão manteve uma política monetária ultra flexível, o que contribuiu para a desvalorização do iene. Essa abordagem visa estimular a economia japonesa, mas, ao mesmo tempo, reduziu a atractividade do iene em relação ao euro e ao dólar.
Conclusão
O ano de 2024 foi marcado por uma ampla gama de desempenhos entre os activos financeiros, com destaque para as criptomoedas e o ouro como algumas das classes de activos com maior volatilidade e retorno.
As criptomoedas, especialmente o Bitcoin e o Ethereum, mostraram-se resilientes, mesmo diante de uma regulação mais onerosa para o sector, enquanto o ouro reafirmou sua posição como um activo refúgio. Para quem deseja investir de forma diversificada, é essencial acompanhar as tendências económicas globais e as políticas monetárias, que desempenham um papel crucial na valorização dos activos. Com o avanço das tecnologias financeiras e o aumento da transparência regulatória, as criptomoedas estão a consolidar-se como uma classe de activos legítima, e os investidores de retalho e, especialmente, institucionais começam